O Alzheimer afetará mais de 130 milhões de pessoas daqui a três décadas, isso porque é uma doença que afeta os mais idosos. No entanto há algumas doenças que afligem o cérebro independentemente da idade. É o caso da depressão, que atualmente atinge mais de 320 milhões de pessoas pelo mundo e deve ser o transtorno mais incapacitante do planeta no próximo ano. Os números assustam e pedem que não fiquemos parados.
Praticar atividades físicas com regularidade já configura uma medida cientificamente comprovada para prevenir e controlar doenças que consomem a massa cinzenta. É bom que os brasileiros levem essa história a sério. Por aqui, quase metade da população é sedentária.
Exercício como remédio
Os impactos de atividades físicas no controle de problemas neurológicos são positivos desde que com um treino prescrito e supervisionado. Os exercícios previnem e ajudam no tratamento de várias doenças neurológicas como Alzheimer, Parkinson, esclerose múltipla, epilepsia, depressão e até enxaqueca.
Mas não pense que será do dia para a noite, os benefícios vem na esteira do tempo de prática – não adianta malhar umas semanas e depois parar – e do respeito a possíveis limitações.
Manter uma vida ativa antes de qualquer desordem cerebral se manifestar é o melhor dos cenários. Assim se cria uma reserva cognitiva, nome para a capacidade de a massa cinzenta lidar com eventuais danos e se adaptar a eles.
Em pleno século 21, nunca foi tão importante se mexer pelo bem da cabeça – inclusive se ela já é alvo de uma doença, como você verá a seguir.
Alzheimer
Muito ligado à perda da memória, é o tipo mais comum de demência no Brasil, onde afeta 1,2 milhão de pessoas. A atividade física já é associada à diminuição do risco de desenvolver a doença, mas pode ajudar também a desacelerar sua progressão. Isso porque induz transformações no cérebro para compensar a devastação de neurônios – fenômeno que, entre outras áreas, afeta o hipocampo, responsável pelas memórias recentes. Os exercícios aeróbicos (caminhada, trote) parecem ser os mais indicados.
Parkinson
É recomendado a prática de atividades vigorosas mesmo a pacientes com Parkinson em estágio avançado. Claro que tudo precisa ser feito sob orientação médica e supervisão de um profissional. Treinos complexos, com múltiplos estímulos ou que trabalhem o equilíbrio, como a dança, são bem-vindos porque atuam na região do cérebro que coordena e automatiza os movimentos. Também são importantes o alongamento e o fortalecimento muscular, assim como não deixar de tomar os remédios prescritos pelo especialista.
Esclerose múltipla
Essa doença autoimune corrói a bainha de mielina, camada que protege os nervos para que se mantenha a condução dos impulsos elétricos – com os fios desencapados, por assim dizer, há prejuízos para se movimentar, enxergar. Pessoas com a condição podem obter melhoras na força, no equilíbrio e na capacidade aeróbica ao fazer um treino supervisionado. Um estudo constatou que exercícios de força, em especial os que ativam a panturrilha, são essenciais para aprimorar a marcha. Práticas como caminhada e corrida, aliás, colaboram bastante para aliviar uma das queixas mais recorrentes dos pacientes, a fadiga.
Epilepsia
Há até pouco tempo – e muita gente ainda pensa assim -, a atividade física era contraindicada a portadores do problema, mais conhecido pelas convulsões. Temia-se que ela fosse gatilho para as crises. Estudos foram feitos é foi descoberto que o exercício é seguro e mesmo treinos exaustivos não desencadeiam esses episódios. Pelo contrário: a prática regular e orientada parece reduzir o número de ataques e equilibrar o cérebro. Atividades aeróbicas de baixa intensidade são as mais estudadas, mas mesmo musculação e natação podem ser realizadas – só é preciso que as crises estejam controladas e haja supervisão durante a prática.
Enxaqueca
Essa dor de cabeça é mais um exemplo de problema para o qual a sabedoria popular prescrevia distância da academia ou das quadras. Outro engano! Alguns estudos demonstraram que a atividade física aeróbica, combinada com o medicamento, melhora a resposta ao tratamento. Os mecanismos protetores ainda não foram confirmados, mas a principal aposta está na liberação de endorfina e serotonina, neurotransmissores que atuam como analgésicos naturais. Outro ponto é que se exercitar alivia a tensão e promove uma rotina mais regular de sono.
Depressão
Já existe uma farta documentação sobre o benefício da atividade física para a saúde mental. Na depressão, ela ajuda a encolher a dose dos medicamentos e até suprime a necessidade deles em casos mais leves – isso só com aval médico, vale frisar. Vencer o sedentarismo também auxilia na prevenção e no controle da ansiedade. Estudos em jovens mostram que o exercício pode reduzir o risco de transtornos psiquiátricos no geral, especialmente os de humor. Uma dica para quem sofre com um problema do tipo é malhar durante o dia, de preferência pela manhã. Como exercitar-se deixa a cabeça mais ligada, há risco de o sono demorar para chegar se o treino for noturno.
A cabeça de todos sai ganhando
Atividades físicas beneficiam todos as idades. Desde jovens a idosos. A Organização Mundial da Saúde é fazer pelo menos 150 minutos de exercícios por semana ou três sessões semanais de quase uma hora.
Siga essas recomendações que a Pro Sport separou para você e viva mais e melhor!